quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mais novidades...

Em breve!

Não me canso de agradecer a todos os que acompanharam esta aventura e que a perpetuam diariamente na minha viagem, isto já após um mês de regressada.

Dizem-me as estatísticas do blog que atingiu as 2.300 visualizações. Ora, tendo em conta que estive fora 180 dias, já é muita gente a ver todos os dias. Brutal!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Viagem ao centro da alma

Sempre que se termina uma viagem, termina-se muito mais do que uma viagem. E inicia-se muito mais do que um regresso. Terminam-se mentalmente todas as viagens que já se fizeram. Iniciam-se mentalmente todos os inícios que estão ainda à nossa frente.

Preenchemos o espaço novo, o capítulo em branco da alma, o espaço que ganhámos ao vácuo. Preenchêmo-lo com tudo aquilo que somos agora. Um novo eu. Acomodamos as diferenças. Que são consequência das novas memórias, das novas experiências, dos novos momentos (aqueles que gostaríamos de roubar ao tempo e expôr nas paredes da nossa rotina). Mas que também são consequência das novas experiências e novos momentos vividos à distância com as velhas pessoas. As antigas, as confortáveis. Preenchêmo-lo com as sensações, cheiros, sons e acima de tudo com as pessoas que conhecemos e as histórias das suas vidas que ouvimos.
Acomodamos isso tudo na alma, para que façam parte de nós.

E avançamos de inícios em inícios e de fins em fins. Continuamos a viver. Como eu disse no início, não acho que a vida seja "o que acontece entretanto", enquanto estamos ocupados com outras coisas, como contas para pagar e roupa para lavar e crianças para educar e trabalhos para ter e fazer. Que triste se assim fosse... Penso sim que a vida é o que acontece entretantas... coisas! Como todas essas e vulcões e montanhas para escalar, nasceres e pôres-do-sol de cortar a respiração, pessoas para amar, pequeno-almoços levados à cama ou engolidos à pressa atrás dum volante, em banheiras cheias de espuma ou banhos em lagoas formadas pela água da chuva, e jogos de futebol para ganhar e discussões com amigos para perder. E rejeições e elogios. E choros e risos e tristezas profundas e alegrias explosivas. E perdas. De pessoas e de autocarros. E ganhos. De tempo e de riqueza. Da que está no banco e da que está na alma.

Assim continuamos. E, se formos humildes e espertos, percebemos a beleza dos inícios e dos fins. Em como em cada fim, há também um início. Em como nada é só um fim, nada é só um início. Tudo é uma viagem!
Por isso... viajo! De olhos abertos, a sonhar, através de livros, a ouvir uma música, parada no trânsito, numa noite de copos, num dia de praia, entre o sonho e o toque do despertador, dentro do país, dentro da alma. Vá para fora cá dentro!
Para que um dia a minha neta me pergunte se sou feliz como eu faço à minha avó e lhe possa dar a mesma resposta: "Então Não Havia de Ser?"

E aqueles de vós que me conhecem, que conhecem a vida e a vivem, de olhos abertos, atentos, vão conseguir ler nos meus olhos todos os dias, cada amanhecer, as ruas de Buenos Aires, os vinhos de Mendoza, os trekkings, o Perito Moreno e o farol de Ushuaia, os Miúdos de Junin e o Anderson, Santiago e os graffitis de Valparaíso, o deserto mais árido do Mundo e um deserto rodeada de sal a uma Sexta-feira. Machu Picchu e surfistas no norte do Perú, plantações de café colombianas e polícias armados até aos dentes, guanacos e condores e avestruzes e pumas. Palavras soltas em mapuche e em quechua. E um caimão e um banho e um barco no Amazonas. E a Mayana e a mãe. E uma rede que foi cama e casa 4 dias e 4 noites. E os lençois maranhenses. As festas juninas em São Luís e o pôr-do-sol na duna em Jericoacoara. E as praias de Jacumã. O Mundial 2010. E a ponta mais oriental da América do Sul. E a mais a Sul e Oeste também. E queijo com goiabada. E picanha. E sambinha. E chorinho. Forró e Orishás. Yemanjá e mar e terra. E praia. E montanha. E conversas com gente desconhecida mas que não são estranhos. E aprender a ouvir. E aceitar. E dores de músculos vitoriosas. De quem que foi lá e viu. Ao cimo da montanha e à Lua. E Todo o Rio de Janeiro. No meu bolso. Na minha mochila e na cabeça...

Sim... Tudo isto (e muito mais) vão ler nos olhos quando a minha boca responder à vossa pergunta com um simples: FOI BRUTAL!"


À I.: Não conheço pessoa com quem gostasse mais de ter partilhado esta experiência. Não digo que não partilhe mais o meu dia-a-dia com outras pessoas (pelos menos até aqui). Sei que também tens outros amigos (e fantásticos! e possivelmente melhores). Só digo: Não conheço pessoa com que gostasse mais de ter partilhado esta experiência. Obrigada!

Passagem de testemunho

Porque a minha viagem está quase quase no fim, porque não quero que vos falte material para sonhar, inspirar, viajar também, deixo-vos o link para o site de um grande amigo que iniciou no dia 24 de Junho uma viagem à volta do mundo. O projecto chama-se Caminhos Cruzados e podem acompanhar aqui.

Rui, a ti desejo-te boa viagem, vou continuar a acompanhar-te como tenho vindo a fazer desde o início e só espero poder visitar-te ;)


domingo, 8 de agosto de 2010

Descubra as diferenças

Para além do número de bandeiras estas fotografias (tiradas no 1º e no último dias de viagem) tem muitas diferenças mais.

Já vi muitas pessoas que fizeram grande viagens descreverem o que levam na mochila. Seja lista no respectivo blog, seja video enquanto a arrumam, isto é sempre feito ANTES da viagem.
E a conclusão a que cheguei é que, se estivesse a fazer a mala para a mesma viagem AGORA, no fim, seria uma mochila diferente, com menos coisas e peso.
O peso! O pesadelo de qualquer viajante. Não por restrições de uma qualquer companhia aérea (Deus-ou-alguém me livre de andar com + de 20 kg às costas!!!), mas por restrições pessoais. Porque o desprendimento material desempenha o seu papel importante em qualquer viagem (quem não se sente tentado a não levar o Blackberry para a semana de férias no Algarve, levante a mão), mas especialmente numa viagem grande. E a importância deste papel aumenta tendencialmente durante a viagem. Com isto em mente, decidi fazer a mala "agora". Ou por outra, enunciar alguns itens que considerei indispensáveis, ou muito úteis, vá (porque a única coisa que é verdadeiramente indispensável é a vontade de viajar), durante este tempos. Outros itens, podiam ter ficado em casa (alguns ficaram).

ITENS INDISPENSÁVEIS (ou muito úteis, vá):

- Kit melhorzinho
Com isto refiro-me a um vestido preto ou uma camisa ou um polo discreto. Normalmente isto é aconselhado para eventuais visitas a embaixadas ou consulados. Não por mim. Acreditem, a não ser que necessitem de algum visto especial ou a vida vos corra mal e percam o passaporte, não vão precisar de estar perante um cônsul ou embaixador. Já perante um porteiro da discoteca mais in no momento numa qualquer cidade... é mais provável. E como estes senhores por vezes dificultam mais a entrada na referida discoteca do que o eventual cônsul ou embaixador num país, é melhor ir prevenido.

- Uma fronha de almofada
Serve para usar como fronha de almofada (há hostels que dão almofadas, mas não fronha - ?!?), caso não haja almofada, pode-se encher com roupa (também por isto é útil para acampar), ou ainda serve como saco de roupa suja para levar para a lavandaria e... não ocupa espaço.

- Kit de costura
Self-explanatory

-Lanterna
Útil não só para ir à casa de banho (e casa de banho aqui é eufemismo) quando se está a acampar, mas também para ler na cama em dormitórios, ou procurar algo na mochila no escuro de uma camioneta nocturna.

- Cuecas
Há quem defenda trazer só 3 ou 4 pares de cuecas para a viagem. Discordo completamente. Não ocupam muito espaço e não vão ter paciência para lavar a cada 2 dias e vão acabar por comprar mais. No mínimo recomendo, cerca de 7 (para uma semana) mas eu acabei a viagem com 10.

ITENS DISPENSÁVEIS (ou acabei por abandoná-los durante a viagem, se é que os trouxe):

- Saco-cama
Este é, para mim, possivelmente, o item mais dispensável de todos (excepto se também tiverem o restante material de campismo). Sempre que precisarem de um saco-cama (para trekkings, por exemplo) haverá para alugar ou comprar.

- Itens de higiene
Trazer o menos possível é a palavra de ordem. Não há champôo que dure 6 meses ou 1 ano (por muito que poupem), por isso vão ter sempre de comprar mais. Assim sendo, mais vale andar com pouco peso.
Dica: guardem as embalagens mais pequenas e assim sempre podem pedir um pouco a alguém ou dividir embalagens maiores entre mais pessoas.

- Roupa muito quente (e pesada)
Quando saí de Lisboa, a peça mais quente de vestuário que tinha era uma sweat-shirt. Pensei (e não me arrependo) que "se estiver muito frio, haverá roupa quente à venda". Esta lógica é imbatível. Podem acabar com uma camisola horrível feita em alpaca com luvas e gorro a condizer, mas de frio não morrem.

- Livros
Quem gosta de ler (é o meu caso ) tem tendência para trazer demasiados livros para qualquer viagem. Não é que não os leia todos, pelo contrário. Nunca são suficientes. Assim, mais vale trazer só um e ir trocando nos hostels ou comprando outros em segunda mão.

- Guias turísticos
Chegámos ao grande tabu! Quem, no seu perfeito juízo, arranca para a outra ponta do mundo sem o Lonely Planet?! Afinal, já não estamos no séc. XVI...
Pois... eu. A I. trouxe um, por isso, nos primeiros tempos, vali-me disso. Depois do Perú e como não quis carregar o peso-extra acabei por perceber que 4 em cada 5 viajantes que encontro num hostel estão agarrados a um desses livros (o próprio hostel tem para consulta a maioria das vezes). Então a minha técnica passou a ser: pedir um guia emprestado, procurar o meu próximo destino, fotografar as páginas correspondentes e ficar com toda a informação que possa vir a precisar na câmara fotográfica. Atenção! Não estou aqui a dissuadir ninguém de comprar os guias. Eu compro os guias. Eu amo os guias. Eu viajo ATRAVÉS deles. Só não gosto de viajar COM eles.

- Medicamentos
Não exagerem nos medicamentos que trazem. Em todo o lado há aspirinas e anti-inflamatórios etc. Tragam sim, aquilo que não se encontra com facilidade ou pode necessitar de receitar médica (mulheres, ler a secção mulheres infra). Como por exemplo, um antibiótico de largo espectro, ou uns comprimidos que vocês tenham de tomar por indicação de um médico, profiláxia da malária (caso vão para locais afectados - o que podem consultar, bem como outra informação relevante para viajantes aqui).


Secção gaja (meninos, são muito bem-vindos, mas se forem ali e já vierem... amigos como dantes!)

- Itens depilação
Em qualquer parte do mundo uma mulher é vaidosa. De forma mais rústica ou mais moderna, haverá sempre quem faça depilações.

- Pílula
Este é dos tais medicamentos a trazer em quantidade suficiente. Em primeiro lugar, porque podem não encontrar a vossa específica. Depois, porque "cada cabeça sua sentença" e nada garante que no país onde estão, não seja preciso receita médica ou visto papal ou presidencial para tomar a pílula.

Para além destas coisas tinha também: um par de ténis, umas havaianas, 2 pares de calças, 1 vestido (para além do tal preto), 4 tops e 3 tops de manga comprida. Resumindo, tou FARTA da minha roupa!


Rio de Janeiro - Cidade Maravilhosa

O Rio de Janeiro é, de facto, uma cidade maravilhosa como diz a música. Chegámos (a M., a I. e eu) no dia 28 de Julho e passámos os 3 dias seguintes (em pleno Inverno) na praia. A M. voltou para Portugal no dia 31 de Julho e nós ficámos mais uma semana, tal o amor à primeira vista por esta cidade. Inicialmente, ficámos num hostel em Ipanema, mas depois da partida da M., mudámo-nos para casa de um maigo em Botafogo. Assim de repente... pensando no Rio... Vêm-me à ideia as seguintes palavras:

Calçadão. Ipanema & Copacabana. E respectivas garotas. MPB (música popular brasileira) e funk. Baixo Gávea (às 5ªs e Domingos) e o Braseiro (a qualquer hora). E dentro do Braseiro a sanduíche de fillet mignon (i.e. o melhor "prego" da viagem). E Lapa à sexta-feira. Carioca da Gema e Sacrilégio. E Circo Voador. E Arcos da Lapa. E escadaria Selaron. E Vascão. E praia. Boa. Óptima. "Alô, Açaí natural ou com banana". "Biscoito Globo". "Maaaatttteeee Limão". E kangas e bikinis. E queijo coalho no espeto. Raquetes de praia e beach vollei. Guanabara. a pizzaria e a baía. E a Lagoa. E a Visconde de Pirajá. E a praça Gral. Osório e a sua feira hippie dos Domingos. E coxinha de frango. E teatro: a História de nós 2. E o casal mais simpático do Rio: João e Fabi (obrigada por tudo!). E um pequeno-almoço/café da manhã de reis num supermercado (mais uma vez, obrigada!). E claro, o Cristo e o Pão de Açúcar. Floresta da Tijuca. Niemeyer e um disco voador em Niterói. Um casal de Portugueses (a Rita e o Pedro) no bonde para Sta. Teresa. E Barra. Numa Quinta-feira em modo sertanejo (a "Quintaneja" no Nuth) e num sábado, em modo "violada" (grupo de amigos a tocar viola, cantar, beber cerveja e rir) numa das casas mais espectaculares onde já estive (Obrigada Cris e M.C.). Um convite para voltar. E outro. E ainda outro. O reencontro com o Tom. Muito chopp e brigadeiro. Muita novela. Com "Globais" (actores da Globo), que aqui também vão ao supermercado. E a Lagoa. E um pôr-do-sol. Não! Vários. E favelas iluminadas à noite e coloridas de dia. E taxistas simpáticos. E condutores de autocarro, caixas de supermercado, polícias também. E uma vontade imensa, arrebatadora, certa de querer voltar.

















quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Eu garimpo, tu garimpas, eles garimpam

Fomos conhecer a Chapada Diamantina. De Salvador da Bahia, a M. e eu apanhámos um autocarro para uma cidadezinha no interior: Lençóis. No caminho, apanhámos a I. noutra localidade. Chegámos assim, por volta das 23.30h.

Procurámos um lugar para ficar e um guia (ou melhor, o guia é que nos procurou a nós) para fazer um trekking. Assim fomos, prontas para conhecer Chapada Diamantina, que nos foi descrito como sendo maravilhoso. O seu nome deve-se à quantidade imensa de diamantes na zona que deu fama ao lugar e atraiu muitos garimpeiros. Consta que até à data só 30% da totalidade de diamantes foi encontrada e são frequentes as histórias "daquele guia [ou garimpeiro] que encontrou um diamante de 50.000 reais".

Não fomos à procura de diamantes, até porque, pelos que eu vi, mais rapidamente pensaria que eram pedaços de vidro que pedras valiosa

O trekking consistia em 24 km em 2 dias, dormindo uma noite na Toca da Onça (literalmente uma reentrância nas pedras que ladeiam o rio. Arrancámos. E no início tudo bem, mas o trekking era duro. Muito duro! E... não diria perigoso... Mas claramente só no Brasil se permite chamar de "trekking" a certas partes do troço. No meu dicionário, se é necessário o uso das mãos, é montanhismo! Mas tudo bem.

Visitámos uma cascata linda, linda. Adormecemos após um jantar óptimo. Acordámos com os pés dentro de água (mas isso agora não interessa nada!) e vimos paisagens deslumbrantes.

Regressámos a Lençóis por volta das 19h, a tempo de "cravar" um banho ao nosso guia, que prontamente nos ofereceu a modesta casa-de-banho, jantar com 2 guias, beber umas cervejas e arrancar no autocarro das 23.30h para Salvador.

Ainda a nota para um dos guias que engraçou com a M. e a quem eu disse "Olha que ela é minha cunhada, Juízo!" A resposta não se fez esperar: "Ai é? O irmão dela é seu namorado?" Pois... Tás com azar, mas damos-te nota 10 pela rapidez de raciocínio.



sexta-feira, 30 de julho de 2010

Steel frame

Por vezes, durante uma viagem vemos alguma imagem que nos chama a atenção. Por vezes, durante uma vida vemos alguma imagem que nos chama a atenção. Eu vi uma recentemente.
Estávamos a chegar a Salvador de um dia passado na praia do Forte e, entre ligações de autocarros, vi-a.
Apressei-me a agarrar a câmara, apressei-me a medir a luz, apressei-me a tentar (alguma vez conseguimos mesmo?) captar esse momento, essa sensação, esse pensamento, essa visão. E o resultado, foi esta fotografia. Que, tal como estas palavras ou em conjunto com elas, são só a expressão dessa imagem que eu vi, tal como o sol reflectido não deixa de ser sol, embora uma versão mais fraca dele.
Pessoas na sua rotina, completamente alheias ao facto de estarem a ser fotografadas. Completamente alheias ao facto de outro dia se estar a extinguir com um sol explosivo na decadência.
Preocupadas com o que fazer para o jantar, ou em ir buscar os filhos, ou "porque é que ele não me respondeu?" ou "nunca mais é sexta...".
E toda aquela gente, toda aquela corrida, todo aquele sol, todo aquele metal, todo aquele trânsito, todo aquele alheamento resultou-me numa imagem infinitamente bela, de pessoas infinitamente cegas, o que me pareceu infinitamente triste.