sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma loja especial

Regressámos a Buenos Aires com aquela nostalgia de voltar a casa. Já sabemos que bus apanhar ou que rua percorrer sem mapas nem perguntas. Sabe bem.

Numa das nossas deambulações damos com uma loja. Aproximei-me. Espreitei. Devia parecer uma criança a olhar para uma montra de doces, porque a I. disse-me "vá, entra lá". Derrotada disse-lhe que tinha mesmo de ser. Numa lojeca pequena estavam concentrados quase todos os meus sonhos, do chão ao tecto em todas as paredes... TLRs, Contax, Mamia, Leicas, Rollei, Hasselblads, Plaubel, grandes formatos... Possivelmente pelo menos um exemplar de todos os modelos fabricados no último século... E eu a deliciar-me. Até havia não uma, mas várias (!) caixas de couro originais para a minha Rollei, mas só de pensar em carregá-la desisto da ideia que me atravessou de imediato o espírito.

Só passado uns tempos é que reparei no tipo atrás do balcão. Não resisto e pergunto se é o dono. Diz-me que é a loja da família que a começou há já 3 gerações. É o Gustavo e continuamos a trocar impressões sobre esta ou aquela máquina. Vejo uma Contax igual à minha. O Gustavo diz que dão muito trabalho, prefere arranjar Leicas. Continuo a olhar à volta. Não sei se dá loja, se do Gustavo (que como qualquer porteño que se preze é giro que dói), se do ar blasé com que diz que arranja Leicas, mas sei que eu e o Gustavo teríamos filhos lindos...

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