sexta-feira, 12 de março de 2010

Marri-Marri

Esta é a Juana (embora toda a gente a conheça por abuela), conheci-a no centro de reciclagem. O facto de termos o mesmo nome, faz de nós tocaya, segundo me disse imediatamente após termos sido apresentadas. É uma das poucas pessoas que ainda conhece e fala o idioma Mapudungun (dos Mapuches). Rejeitam a denominação "índios", dizendo que isso foi ignorância dos colonos espanhóis que pensavam ter chegado às Índias. São nativos.

É impressionante a influência que o Mapuche tem em tudo e todos cá. Todos estão habituados a ouvir os avós a falar Mapuche, mas são poucos os miúdos que se interessam o suficiente por aprender. O que é uma pena. Pois a grande beleza desta língua será também o seu assassino: é uma língua falada, não escrita. Como não havia escrita quando os colonos cá chegaram e, não obstante os esforços para desenvolver um alfabeto que se adeque, a maioria rejeita todas as tentativas de redução de qualquer oralidade a escrito. Ainda assim a abuela e os miúdos têm-me ensinado umas coisinhas (como marri-marri, significa olá e diz-se "mari-mari").

Eu continuo deslumbrada com esta língua e com o facto de quase todos os miúdos terem nomes como "sol" (soa a algo como Antú), ou "amanhecer", ou "força" (algo como Nehuén), ou... o meu preferido porque pertence a um miúdos lindo de cabelo comprido, com as feições mais nativas que já vi (e que tanto quero fotografar quando ele me deixar)... "Tigre" (Nahual).

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