Do lado errado da lente

Acredito que há um lugar para tudo e que tudo deve estar no seu lugar. O meu é atrás da lente. Não gosto que me tirem fotos. Ou melhor, mais do que não gostar, não me reconheço. Bem sei que uma câmara fotográfica apontada pode ser tão intimidatório como uma arma. Por isso ainda respeito mais tudo e todos que fotografo. Mas eu não me reconheço nas fotos. Para além de outros acharem que estou bem ou não. Eu não me reconheço. Fotos forçadas, com sorrisos forçados (que eu odeio!) que não retratam a realidade, mas aquilo que queremos que os outros pensem que nos vai na alma.

Estava a terminar um trabalho fotográfico para a Fundação com artesanato mapuches e um dos miúdos meteu conversa e perguntou-me o que estava a fazer, e tal... Sem me dar muito tempo agarrou na câmara e fotografou-me. Mais do que isso, apanhou-me. Retratou-me. Não sei se porque estava a fotografar ou se por estar aqui, olho para estas fotos e vejo-me e revejo-me. E acho que descobri um fotógrafo

© Nazareno Porma

© Nazareno Porma

© Nazareno Porma