Por vezes, durante uma viagem vemos alguma imagem que nos chama a atenção. Por vezes, durante uma vida vemos alguma imagem que nos chama a atenção. Eu vi uma recentemente.
Estávamos a chegar a Salvador de um dia passado na praia do Forte e, entre ligações de autocarros, vi-a.
Apressei-me a agarrar a câmara, apressei-me a medir a luz, apressei-me a tentar (alguma vez conseguimos mesmo?) captar esse momento, essa sensação, esse pensamento, essa visão. E o resultado, foi esta fotografia. Que, tal como estas palavras ou em conjunto com elas, são só a expressão dessa imagem que eu vi, tal como o sol reflectido não deixa de ser sol, embora uma versão mais fraca dele.
Pessoas na sua rotina, completamente alheias ao facto de estarem a ser fotografadas. Completamente alheias ao facto de outro dia se estar a extinguir com um sol explosivo na decadência.
Preocupadas com o que fazer para o jantar, ou em ir buscar os filhos, ou "porque é que ele não me respondeu?" ou "nunca mais é sexta...".
E toda aquela gente, toda aquela corrida, todo aquele sol, todo aquele metal, todo aquele trânsito, todo aquele alheamento resultou-me numa imagem infinitamente bela, de pessoas infinitamente cegas, o que me pareceu infinitamente triste.
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